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MEL SERRA DA ESTRELA As abelhas são anteriores ao aparecimento do homem na Terra e a apicultura é uma das suas mais antigas ocupações. Durante o Paleolítico o homem explorava o mel dos enxames naturais, de forma primitiva e no Neolítico domesticou as abelhas. Para extrair os produtos (mel, cera) o homem criou mecanismos que lhe permitam obtê-los mais facilmente e com maior qualidade, no que se refere ao aspecto físico. Inicialmente deu "casas" artificiais às abelhas e, assim, até à Idade Média os enxames eram instalados em troncos de árvores vazios, em tubos moldados em argila (egípcios) e em cestos de palha e canas. Nas zonas mediterrâneas o sobreiro deu origem ao cortiço "casa" extremamente leve, com bom isolamento térmico, fácil de transportar e permitindo às abelhas uma moldagem fácil. Só a partir de 1852, a colmeia de quadros móveis de Lorenzo Lorraine Langstroth passou a ser utilizada nos mais diversos países. Desde o séc. XIX, devido às suas propriedades terapêuticas, o mel é usado na preparação de medicamentos. No nosso país e na Beira Interior, a apicultura é uma actividade que sempre teve um lugar de destaque. Nas ordenações dos nossos primeiros reis pode comprovar-se que estes concediam privilégios sob a forma de foral aos "abelheiros", sendo o mel utilizado para diversas trocas comerciais. Os seu valor nutritivo fez com que o homem o introduzisse na alimentação e, em muitas receitas da cozinha tradicional, ele é ingrediente indispensável. Os concelhos da Covilhã, Guarda, Manteigas, Seia, Gouveia e Celorico da beira constituem a rota de um dos nossos genuínos produtos naturais - Mel Serra da Estrela - obtido nas encostas situadas longe da poluição. É um mel de montanha produzido, pela Apis mellifera mellifera sp. Iberica (abelha ibérica), a partir da flora característica da região e é o resultado da transformação que ocorre no tubo digestivo da abelha, ao néctar que foi por ela extraído das flores de vegetação espontânea. O Mel Serra da Estrela é um produto tradicional, regional, que no âmbito das suas características organolépticas possui um sabor sui generis e bastante agradável ao paladar. No âmbito das suas características físicas, possui cor acentuadamente escura de aspecto bastante macio e aroma muito agradável, que lhe são conferidos pela flora existente (principalmente a presença de estevas). A sua conservação deverá ser feita em recipientes de vidro ou barro vidrado e a temperaturas não inferiores a 5ºC para evitar a solidificação e alteração posterior do seu aspecto e sabor. A genuinidade do produto pode comprovar-se pelo seu sabor, cor e textura. Este é um mel com história e com transumância de colmeias quando, na Primavera, a vegetação desponta acima dos mil metros. A zona da Lagoa Comprida, com altitude de cerca de 1.400 metros, é uma das mais procuradas pela riqueza da sua flora. Há referências à actividade agrícola na toponímia, como por exemplo, Cortiçô da Serra (Celorico da Beira), Malhada das Cilhas e Muro (Seia), o que demostra a importância e a tradição deste produto na zona da Serra da Estrela. A Serra da Estrela, magestosa e atraente, fazendo com que o visitante caminhe para ela levado por "uma força centrípeta e granítica raiz", como escreveu Miguel Torga, com uma paisagem desdobrada nos seus dois mil metros de altitude, é a mais alta serra do país e é um dos locais mais aprazíveis do nosso Portugal. Das suas encostas avista-se uma paisagem de rosto granítico marcado pela história vestindo-se de branco nos meses de Dezembro a Maio. Manteigas, situada junto do profundo e lindo vale glaciar do Zêzere, a 700 m de altitude, encontra-se recolhida no vale do Zêzere, possui um dos primeiros perímetros florestais de serras do nosso país, criado em 1888, e está inserida num contexto paisagístico soberbo. Redescobrindo o valor da água, as Caldas de Manteigas oferecem-lhe descanso, lazer e saúde. Para além da maravilhosa paisagem que surge a partir da Lagoa Comprida, visite Nossa Senhora da Boa Estrela e as Penhas Douradas, magnífica estância de férias, a 1475 metros de altitude. Aproveite e conheça, também, o idílico Covão da Ponte, lugar que ninguém esquece...
AZEITE DA BEIRA BAIXA A origem da oliveira, árvore de aspecto modesto, perde-se na noite dos tempos. No entanto, parece que, na sua forma selvagem, terá surgido na Antiga Grécia e na Ásia Menor, após a Segunda era glaciar. Cultura milenar dos povos da bacia mediterrânea, a oliveira constitui actividade importante para a economia rural e para o equilíbrio ecológico dessas regiões. Do seu fruto, a azeitona, obtém-se um néctar que a civilização grega louvou, dizendo que aquecia a alma dos deuses: o azeite. Símbolo de sabedoria para os gregos, outro líquido para os fenícios, emblema de paz para os judeus, unção sagrada para os cristãos, o azeite, cujo vocábulo provém do árabe "az-zait", que significa sumo de azeitona, concentra o sabor o saber, a cultura e o gosto, a alma e o corpo de civilizações. O azeite conquista hoje o Norte da Europa, Estados Unidos da América, Austrália, Japão e Canadá, granjeando apreciadores que descobriram as suas características químicas, biológicas e organolépticas e as suas propriedades preventivas e terapêuticas. É uma gordura essencialmente monoinsaturada, rica em vitamina E e outros antioxidantes naturais, veículo de outras vitaminas lipossolúveis (A,D,K), com uma composição em ácidos gordos que se aproxima da do leite materno, permitindo que, esses mesmos ácidos, sejam, adequadamente, fornecidos ao nosso organismo. Nos povos do Sul da Europa, considera-se que o azeite é corresponsável pela baixa incidência de acidentes cardiovasculares. O cheiro e o sabor do azeite têm uma importância fundamental nas características sápicas da cozinha mediterrânea. Ingrediente base da cozinha tradicional portuguesa, valoriza o sabor dos produtos, ligando-os entre si, respeitando-os e tornando-os mais ricos. Pode ser utilizado em cru ou cozinhado, assim nas Saladas, no Caldo Verde, no Bacalhau à Lagareiro, numa caldeirada, nas Cavacas, nos Biscoitos, nas Filhós, em tantos e tantos manjares, o azeite é a chave do sucesso... Sendo muito resistente a altas temperaturas e não penetrando nos alimentos como acontece com outras gorduras, é mais apropriado para a fritura. Em toda a região da Beira Interior se vêem olivais formado coroas esverdeadas prateadas, tal como aquelas que, segundo a mitologia, ornavam as cabeças dos deuses vitoriosos. E, até, em socalcos, laboriosamente construídos nas encostas de alguns dos nossos rios, pode ver-se uma paisagem deslumbrante que nos mostra a tenacidade do homem. Na Beira Interior o azeite faz parte da sua matriz cultural, sendo uma das fontes de rendimento das nossas gentes. Compreende-se, deste modo, o esmero e o labor dedicados a essa actividade, pois o lagar de azeite ocupou sempre um lugar central na representação simbólica e na economia comunitária. A singularidade e a excepcional qualidade dos Azeites da Beira Interior distingue-os entre os melhores azeites do mundo. O Azeite da Beira Baixa tem coloração amarela clara levemente esverdeada e amarela clara, com aroma "sui generis" e sabor a fruto. É obtido, sobretudo, a partir da azeitona da variedade Galega, mas também da Bical e Cordovil, produzindo-se nos concelhos de Sabugal, Covilhã, Belmonte, Fundão, Penamacor, Idanha-a-Nova, Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Proença-a-Nova, Oleiros, Sertã, Vila de Rei e Mação.
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Quinta Quatro Ventos (Sertã)
Hotel Solneve (Covilhã)
Restaurante Aquarius
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